quinta-feira, 27 de maio de 2010

O Guardador de Rebanhos






Alberto Caeiro







I

Eu nunca guardei rebanhos,
Mas é como se os guardasse.
Minha alma é como um pastor,
Conhece o vento e o sol
E anda pela mão das estações
A seguir e a olhar.
Toda a paz da natureza sem gente
Vem sentar-se a meu lado.
Mas eu fico triste como um pôr de sol
Para a nossa imaginação,
Quando esfria no fundo da planicie
E se senta a noite entrada
Como uma borboleta pela janela.

Sem comentários: