sexta-feira, 6 de julho de 2007

A Cidade e as Serras


Eça de Queiroz


Ao fim desse inverno escuro e pessimista, uma manhã que eu preguiçava na cama, sentindo através da vidraça cheia de sol ainda pálido um bafo de Primavera ainda tímido --Jacinto assomou à porta do meu quarto, revestido de flanelas leves, de uma alvura de açucena. Parou lentamente à beira dos colchões, e, com gravidade, como se anunciasse o seu casamento ou a sua morte, deixou desabar sobre mim esta declaração formidável:

-- Zé Fernandes, vou partir para Tormes.

O pulo com que me sentei abalou o rijo leito de pau-preto do velho "D.Galeão":

-- Para Tormes? Oh Jacinto, quem assassinaste?...

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