Eça de Queiroz
Ao fim desse inverno escuro e pessimista, uma manhã que eu preguiçava na cama, sentindo através da vidraça cheia de sol ainda pálido um bafo de Primavera ainda tímido --Jacinto assomou à porta do meu quarto, revestido de flanelas leves, de uma alvura de açucena. Parou lentamente à beira dos colchões, e, com gravidade, como se anunciasse o seu casamento ou a sua morte, deixou desabar sobre mim esta declaração formidável:
-- Zé Fernandes, vou partir para Tormes.
O pulo com que me sentei abalou o rijo leito de pau-preto do velho "D.Galeão":
-- Para Tormes? Oh Jacinto, quem assassinaste?...
Sem comentários:
Enviar um comentário