Vergilio Ferreira
E eis-me de novo em Évora, por uma manhã de sol. A minha história espera-me mais terrível do que nunca, disparando para o seu desfecho. Venho à janela do comboio, que abranda a marcha e estremece nos trilhos, olho a cidade, que ao longe se move lentamente. O sol limpa-lhe a face, a colina ergue-a na mão como a um objecto de preço. Fico de pé a vê-la, a mala ao lado, pronto para o desembarque, olho a massa escura de S.Francisco, as torres negras da Sé, os blocos brancos dos prédios construídos uns nos outros, e em volta, como um espanto da cidade, a imensa planície já verde. O comboio estaca num súbito silêncio que torna mais solitária a estação. Desço com a mala, o chão de cimento solidifica-se-me sob os pés.
-- Alguma coisa, senhor engenheiro?
-- Alguma coisa, senhor engenheiro?
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