quinta-feira, 25 de junho de 2009

Venâncio e outras histórias






Joaquim Paço d'Arcos



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No ambiente sereno, um pouco dormente, do antiquário famoso, as palavras eram quase ciciadas, os gestos escassos, as emoções anuladas. Eu quisera levar àquela sala a sombra de Byron; retorquíam-me com a sua cotação comercial. Não que Mr. Lorant e seus estranhos comparsas fossem insensíveis ao valor daquela evocação; ao contrário, eles eram, na cidade chaguentadum materialismo supurado, os últimos guardiães da riqueza espiritual das coisas antigas e raras que do passado vieram até nós. Folhearam com voluptuosidade o volume que, pertença do poeta, encarquinhara as páginas, em Missolonghi, com a dor do seu último gemido; chamaram, para que admirasse a relíquia, aquela mulher curiosa doutros livros.(...)

sábado, 20 de junho de 2009

Fausto






Goethe



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Fausto - Um pântano alastra ao longo das montanhas, e infecta tudo o que adquirimos até agora. Secar esse tântano mefítico seria o coroamento dos nossos trabalhos. Eu ofereceria vastas planícies a milhões de homens, para que eles pudessem viver em liberdade, senão em segurança. Eis os campos verdejantes e férteis, homens e rebanhos repousam à vontade sobre as novas terras, ligados pelo firme poder das colinas que erguem com o seu trabalho ardente. Um paraíso na terra! Que lá fora as vagas marulhem nas margens; à medida que chocam para abrir uma passagem, nós próprios nos apressamos a encher a brecha.(...)

terça-feira, 16 de junho de 2009

A Invenção das Populações






Hervé le Bras




Definir uma população representa um acto de força: impõe-se a um conjunto de indivíduos uma categoria, que irá a partir de então catalogá-los e, eventualmente, constranger a sua acção.
Agrupar um determinado número de humanos segundo um critério permite ao grupo existir como um ser animado e agir como tal: a população irá aumentar, diminuir, deslocar-se, dividir-se como um gigantesco pólipo com os seus pseudópodes.(...)

sábado, 13 de junho de 2009

Antologia da Poesia Brasileira






José Valle de Figueiredo




Cerca de noventa poetas do Brasil, entre maiores e menores e estendendo-se ao longo de quatro séculos, se reúnem nesta Antologia. Não só eles próprios se nos apresentam aqui através de alguns dos seus melhlores poemas, como cada um deles nos é apresentado numa breve nota biobibliográfica e crítica. Acima de tudo, porém, esta obra "pretende ser, mais do que uma consignação de poetas, uma declamação de poemas".

quarta-feira, 10 de junho de 2009

As Lições de Outubro






L. Trotsky



Se é verdade que na revolução de Outubro tivemos sorte, outro tanto não se poderá dizer do seu lugar na literatura. Ainda não dispomos de uma única obra que dê um quadro geral da revolução de Outubro, fazendo sobressair os seus principais momentos do ponto de vista político e organizativo. Além disso, não foram editados os materiais que caracterizam os diferentes aspectos da preparação da revolução ou a própria revolução.(...)

domingo, 7 de junho de 2009

Questões Sobre a História da Literatura Portuguesa




4ª Edição


Alexandre C. Costa



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Enquanto que GilVicente fez uma visão objectiva e real da sociedade do seu tempo, Bernardim Ribeiro, pelo contrário, faz uma ideia subjectiva do mundo e a análise da vida interior, tudo aliado a um certo realismi objectivo e a um realismo psicológico. Podemos, pois, dizer que Bernardim Ribeiro é como que um complemento da obra de Gil Vicente.

terça-feira, 2 de junho de 2009

A Internacional - A Comuna






Marx - Engels



(Marx a Friedrich Bolte)

Londres, 23 de Novembro 1871


...A Internacional foi fundada para substituir as seitas socialistas ou semi-socialistas pela organização real da classe operária. Os estatutos primitivos assim como a Declaração inaugural mostram-no-lo à primeira vista. A Internacional, por seu lado, não teria podido afirmar-se se o curso da história não tivesse já pulverizado o mundo das seitas. A evolução da sectarismo socialista e a do verdadeiro movimento operário vão constantemente no sentido inverso.(...)