quinta-feira, 25 de junho de 2009

Venâncio e outras histórias






Joaquim Paço d'Arcos



(...)
No ambiente sereno, um pouco dormente, do antiquário famoso, as palavras eram quase ciciadas, os gestos escassos, as emoções anuladas. Eu quisera levar àquela sala a sombra de Byron; retorquíam-me com a sua cotação comercial. Não que Mr. Lorant e seus estranhos comparsas fossem insensíveis ao valor daquela evocação; ao contrário, eles eram, na cidade chaguentadum materialismo supurado, os últimos guardiães da riqueza espiritual das coisas antigas e raras que do passado vieram até nós. Folhearam com voluptuosidade o volume que, pertença do poeta, encarquinhara as páginas, em Missolonghi, com a dor do seu último gemido; chamaram, para que admirasse a relíquia, aquela mulher curiosa doutros livros.(...)

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