terça-feira, 6 de outubro de 2009

O Nome da Rosa





Umberto Eco



Era uma bela manhã do fim de Novembro. De noite tinha nevado um pouco, mas a fresca camada que cobria o terreno não era superior a três dedos. Às escuras, logo depois das laudas, tínhamos ouvido missa numa aldeia do vale. Depois tínhamo-nos posto a caminho para as montanhas, ao despontar do Sol.
Como trepávamos pelo carreiro íngreme que serpenteaca em torno do monte, vi a abadia. Não me espantaram as muralhas que a cingiam por todos os lados, semelhantes a outras que vi em todo o mundo cristão, mas a mole daquilo que depois soube que era o Edifício. Esta era uma construção octogonal que à distância parecia um tetrágono (figura perfeitíssima que exprime a solidez e a inexpugnabilidade da cidade de Deus), cujos lados meridionais se erguiam no planalto da abadia, enquanto as setentrionais pareciam crescer das própriasfaldas do monte, nas quais se encaixavam a pique.(...)

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