quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Memórias encontradas numa banheira



Stalislaw Lem


Foi-me impossível encontrar o compartimento correspondente ao número que figurava no meu salvo-conduto. Primeiro fui ter ao Serviço de Verística, depois ao de desinformação. Um funcionário da Secção de Pressões aconselhou-me a subir ao oitavo andar, mas lá ninguém se dignou reparar em mim. Andei perdido entre uma multidão de militares; em todos os corredores ressoava o ruído dos passos cadenciados, o bater de portas e tacões. A esse rumor marcial juntava-se um tilintar cristalino e confuso como o dos guizos de um trenó. De vez em quando passavam empregados de bar com chaleiras fumegantes. (...)

Sem comentários: