segunda-feira, 24 de novembro de 2008

O Delfim





José Cardoso Pires




Para ser franco, também agora me apetecia beber. Experimentar a aguardente do cantil, ou melhor, o vinho da lagoa. Vinho grave, espesso e tão macio, que saudades, vinho.
Mesmo face a face com um cartaz de morte, mesmo comprometido com parábolas de filhas transviadas e com lições sobre os dentes das prostitutas de bar, mesmo assim, que vinho. Pazinha Soares e a poesia d cornudos, se a há, nada podem contra ele. E a adega, melhor dito, o bodegón, embora entregue aos ratos e ao desprezo, continuará a ser para mim a cisterna de um sabor decantado que se repete gota a gota, (...)

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