terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Engrenagem





Soeiro Pereira Gomes



Noite seca de inverno, em que o frio parecia ressumar das coisas adormecidas, como das lousas brancas num cemitério. Um cão ladrou ao silênncio, estremunhou galos em algum poleiro. E essas vozes, que lembraval o cheiro forte da terra, desencataram do vale o antigo lugarejo.
Era assim todas as noites, quando o negrume tapava buracos da mina que se abria no morro, e os andaimes da fábrica semelhavam ameias de um castelo feudal. Só faltava que os galos voltassem a cantar e que os homens surgissem de enxada ao ombro, mal despontasse a manhã.(...)

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