José Eduardo Agualusa
Carta a Madame de Jouarre
Luanda, Maio de 1868
Minha querida madrinha,
Desembarquei ontem em Luanda às coatas de dois marinheiros cabindanos. Atirado para a praia, molhado e humilhado, logo ali me assaltou o sentimento inquietante de que havia deixado para trás o próprio mundo. Respirei o ar quente e húmido, cheirando a frutas e a cana-de-açúcar, e pouco a pouco comecei a perceber um outro odor, mais subtil, melancólico, como o de um corpo em decomposição. (...)
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