Amândio César
Um Rapaz de Pouca Sorte
de: Mário António
A vontade de fumar insatisfeita sob o sol forte da manhã. Um desejo de brisa a que não respondia o mas leve movimento de ar. O mar dir-se-ía um inferno coalhado de peixes de ferro em fusão, sobre o qual, imóvel, se notava o traço negro de um dongo.
Beto fechou os olhos, numa ilusão de sombra. Ao abri-los, porém, sentiu que a luz o feria mais. Rodou a vista do mar para a terra. E indiferentemente a passou pela policromia dos edifícios novos. Sem um pensamento. Habituara-se tanto àquela indiferença vertical de cimento armado que era incapaz de uma palavra para ela. (...)
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