terça-feira, 18 de setembro de 2007

O Paraíso do Esquecimento


Urs Widmer



Desde sempre admirei aqueles poetas frívolos que andavam despreocupadamente de metro ou organizavam orgias nas tabernas dos subúrbios com os manuscritos das suas obras primas, dos quais não tinham cópia. Evidentemente, deste modo os manuscritos desapareceiam, perdidos, depois de uma noite fria debaixo de lâmpadas fluorescentes de uma loja de sorvetes de Nova Iorque ou caídos do porta-bagagens da bicicleta, transporte dos poetas para casa, à primeira luz da madrugada - rodeados pelo chamamento dos cucos - saídos há pouco da cama de uma amante que agora dormitava, e à qual leram primeiro o livro todo, antes de partirem com ela a caminho de um céu, vedado a nós, mortais.(...)

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