quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Refúgio Perdido


Soeiro Pereira Gomes



Sem pousar a mala, esperou que o carro eléctrico se aproximasse. Sentia-se quase no fim daquela fase do trabalho, a mais arriscada, fremente de perigos. Que alívio,quando chegasse a casa!
Estava a suar, cansado e cheio de sede;mas procurou dar ao rosto uma expresssão jovial, como se dissesse às pessoas que estacionavam na paragem:"Que bela manhã, não é verdade? Não reparem na mala... Tem roupa e não pesa nada." As pessoas anotaram,decerto,que havia ali mais um concorrente aos lugares vagos no carro, e não repararam mais naquele moço franzino e mal vestido, cujos olhos brilhavam, inquietos, sob o chapéu derrubado.
(...)

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