terça-feira, 11 de setembro de 2007

Sonetos Preversos



Joaquim Pessoa




Decerto sabes. De certos lábios
se aprende mais, talvez, a não falar.
É tolo escrever versos com os lábios
quando se pode, apenas, repirar.

Bom dia! Isto sim, é uma aresta
de qualquer verso a mais num telefonema.
As rugas são a pauta que há na testa
se ainda não é desta que o poema

irá morder a língua, irá calá-la
até que outra palavra se derrame
e possa transformar silêncio em fala.

Então, é ver a coisa mais infame:
o riso é como o estoiro de uma bala
e as palavras aplaudem o vexame.

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