quinta-feira, 25 de outubro de 2007

O Livro de Cesario Verde



Cesário Verde



De Tarde

Naquele "pic-nic" de burgueses,
Houve uma coisa simplesmente bela,
E que, sem ter história nem grandezas,
Em todo o caso dava uma aguarela.


Foi quando tu, descendo do burrico,
Foste colher, sem imposturas tolas,
A um granzonal azul de grão de bico
Um ramalhete rubro de papoulas.


Pouco depois, em cima duns penhascos,
Nós acampámos, inda o sol se via
E houve talhadas de melão, damascos,
E pão de ló molhado em malvasia.


Mas, todo púrpuro, a sair da renda
Dos teus dois seios como duas rolas,
Era o supremo encanto da merenda
O ramalhete rubro das papoulas!

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